2016-01-15

A busca de ar


 Imaginem uma menina da Serra Gaúcha, do interior do Rio Grande do Sul, acostumada com ar livre, frio, campos, animais, árvores, e não mais que de repente ela se vê andando pelas ruas da capital Porto Alegre. Ela nota duas coisas principais: 1º: Onde estão as ÁRVORES? ; 2º: Que estranha cortina de vapor escuro é essa que parece pairar no ar? 


 Isso mesmo, essa menina sou eu, e ela ficou pasma com o que encontrou na tão famosa capital gaúcha. Foram cinco dias hospedada em um apartamento na frente do Parque da Redenção. Acreditem isso é o que mais me assusta, eu estava, penso, em um dos lugares mais arborizados de Porto Alegre, e mesmo assim senti falta de ar puro, de árvores... O calor era realmente insuportável, dormir era uma tortura, caminhar era desgastante, respirar era agoniante... Não sei se esse calor todo era principalmente devido à hospedagem em um apartamento sem ar condicionado, mas acredito que não estava fácil para ninguém aguentar o calor todo que anda fazendo na capital. Andar nos ônibus refrigerados era realmente um alivio, mas essas voltas de ônibus me levavam para lugares onde as árvores realmente não eram bem vindas. 


 Uma menina que está acostumada a olhar para a janela todos os dias e ver um número incontável de árvores, não conta uma árvore como um grande avanço ambiental. E era mais ou menos isso que eu vi nos bairros visitados em Porto Alegre, um imenso mar de concreto e uma ou duas árvores perdidas no meio. Me senti realmente mal por elas, sozinhas ali, sem animais, água, ou companhias.


 O que mais me assustou foi, ao caminhar pelo mar de concreto, olhar para frente e ver uma espécie de nuvem de poluição, não era bem uma nuvem, é difícil de explicar, como se o ar estivesse visível, pesado, escuro. Ao ver isso, parei por um instante e perguntei se era só eu que estava enxergando isso, se era apenas uma miragem, porém não, eu não era a única. Outros olhos acostumados com a vida no campo também perceberam o que chamamos de "poluição". É, a poluição já está visível, perigosamente visível, em muitos lugares não só na querida Porto Alegre. 


 Perdoe-me todos que se sentiram lesados com esse texto, ou aos que realmente percebem tudo isso, mas não tem a válvula de escape que eu encontro no campo. Perdoe-me Porto Alegre, mas apesar de tudo de bom que aconteceu na minha visita, você deixou a desejar em oferecer simplesmente ar. 


Jesse Lopes


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