2016-06-27

O tempo do amor

Estive pensando no  amor e sabe ele meio que está em tudo, em tudo que fazemos com nosso coração, quando nos apaixonamos tudo fica mais colorido, mais alegre, cheio de vida e com um gostinho doce e feliz.
As borboletas no estômago denunciam que o amor está no ar, e não ha sensação melhor do que sentir as mãos frias, as pernas bambas, o estômago soltar borboletas quando se encontra com aquela pessoa especial, o amor é lindo, colorido, leve. 
Sentimos calor e o mesmo tempo um friozinho na barriga, mas com o passar do tempo o frio na barriga passa, a rotina chega. Com a rotina chegam os dias nublados, às vezes cheios de tempestades, chega o cansaço do trabalho, da vida, e são nesses dias, que não espero flores, nem que concorde com o que digo ou faço ou que suporte meu mau humor. 
Eu tenho só um pedido, não se esqueça de me amar, não se esqueça de me amar nas diferenças, quando eu não quiser te ver, ou quando  digo que tudo bem se você for embora, não é verdade. Aliás, me ame ainda mais quando eu disser que quero ficar sozinha – este é o momento que eu mais preciso do seu amor e de você por perto. Eu sei, não é fácil me amar nos dias que eu insisto em não ser amada, mas quando você encontra uma pessoa que te ama que te completa que faz dos seus dias nublados cheios de arco íris, que te ama mesmo quando  “apesar de” se sobressai, quando você sabe que o seu dia foi horrível e você olha o celular e tem aquela mensagem dizendo "eu te amo" sabendo que o dia dele foi tao cansativo, mas ainda assim vocês sabem que o amor é o mais importante e que ele precisa ser regado e cuidado.
E é ai que fica fácil saber que esse amor é aquele mesmo amor de 62 anos atrás, de quando ele era jovem, atlético e tinha os olhos mais azuis que as águas do oceano, e você se olha no espelho e vê que agora possui pele flácida no pescoço, vê  que o entorno dos olhos já não é como antes, mas o brilho nos olhos continua, aquele brilho familiar de quando se olharam pela primeira vez, aquela verdade que é só sua e dele continua ali, que essa é mesma verdade descoberta naquele encontro inesperado naquele dia quente de outono, naquele que seria só mais um dia na sua vida e que  se tornou o dia mais importante.
E hoje mesmo depois de todos os encontros, desencontros, depois de todos os " apesar de" continuam ali sentados naquele banco embaixo daquela árvore que é testemunha das juras de um amor adolescente e das realizações e conquistas que só o  amor maduro pode trazer.
E não há mais duvidas que o melhor foi feito, e que o melhor da vida é amar e ser amada e sabe de uma coisa se ainda não chegou o seu momento é porque a vida está lhe preparando algo intenso, especial e sem dúvida incrível. 
Afinal a medida do amor é amar sem medida.


By JessOliveira

2016-06-23

Recomendações


     Sempre cansada, sem motivos para tal; cheia de bolsas, sem precisão de tamanho volume; cheia de pressa, mesmo estando adiantada; alienada ao mundo a sua volta, focada na pequena tela de 4.5 polegadas; preocupada com mil coisas, que não mereciam preocupação... Assim era eu naquele sábado à tarde na rodoviária de Caxias do Sul, tentando voltar para casa. Buscando me libertar daquela cidade sufocante, do emaranhado de prédios e poucas árvores. Com sede do aroma do campo, da maciez da minha cama, do conforto de estar em casa. 

    Na fila esperando minha vez para garantir a passagem, recordando das recomendações para não usar o celular em ambientes públicos, sempre a mesma história de assalto que todos tem. Por um pequeno momento de obediência repentina, o celular guardado foi. E então me vi obrigada a prestar atenção ao redor, por aqueles breves dez minutos antes do celular ser novamente exposto. 

    Ainda exausta e cheia de bolsas pesadas andando pelo corredor sombrio e praticamente vazio buscando a escada que levaria para o setor de embarque. Ao pé dela, um homem sentado, com muletas ao lado, com uma perna e meia somente. E a frase surpreendente: “Oi! Tudo bem?” e a resposta corriqueira em meio ao espanto: “Oi, tudo bem e com você?” Ai a resposta por parte dele que foi surpreendente e da menina apressada arrancou um sorriso tímido “Tudo, você é muito simpática.” 

  Aquele momento que mil coisas passam pela cabeça, porém o silencio preenche o espaço vazio. E a menina segue seu caminho sem ao menos perguntar se ele precisava de algo. Afinal ela foi recomendada a não falar com estranhos.

Jesse Lopes

2016-06-09

Frágeis

Fonte imagem:http://tudosobrecachorros.com.br/



            A imagem vista através da janela do ônibus escolar que marcou, um instante em que a vida estava em sua forma mais simples, outro instante em que ela foi retirada de forma banal. Dois cachorros, ainda filhotes, esperavam, seus também pequenos donos, na beira do asfalto. O ônibus escolar parou e as crianças desceram, eu observava os cachorros da janela, eles estavam felizes e vinham em direção aos donos atravessando o asfalto. Lembro de pensar em como um dos cachorros era mais bonito que o outro, e foi nesse momento que uma freada foi ouvida e aquele cachorro ainda filhote foi atropelado. Fiquei incrédula com aquela cena, com o fato de ter acabado de pensar em como aquele filhote era bonito e ele morrer ali na minha frente. O ônibus já estava seguindo seu percurso, quando ao olhar para trás, vi o menino juntando o seu companheiro morto no asfalto.
            Essa imagem do pequeno filhote desfalecendo na frente do seu dono marcou e eu pude perceber como a vida é frágil. Algumas reflexões vêm à mente, como a de não deixar nada pendente pois não sabemos o que pode vir a acontecer no instante seguinte. Também os sentimentos, a dor que a morte trás, não para quem morre, mas para quem fica vivo. Isso é tão relativo pois ainda não se tem provas de que quem morre não sente dor por estar morto, não sabemos e acredito que não iremos saber. Se tem a crença de descobrir as respostas quando se morre, de saber o que está acontecendo, porém ao mesmo tempo não nos lembramos de nada antes de nascer. Ninguém lembra como era quando espermatozoide ou até mesmo enquanto estava em formação no útero, não somos capazes nem mesmo de lembrarmos como erámos quando bebês.
            A morte é um enigma, o que ela traz ou ela não traz nada? Sentimos a morte ou simplesmente não sentimos? Quando essas respostas irão chegar, ou, se elas irão chegar, não sabemos. O que sabemos é que a vida daquele pequeno cachorro juntado pelo seu dono, já desfalecido, não voltará. A vida frágil de um pequeno filhote foi tirada em um instante. O atropelamento deste filhote foi apenas mais um, a capacidade do ser humano de tirar vidas é inacreditavelmente grande. Parece que o ser humano foi feito para dizimar, para matar a sua e as outras espécies. O ser humano foi capaz de extinguir com muitas espécies! Será que isso faz parte da nossa natureza? Será que somos tão maus? A vida em sua forma mais pura merece ser tirada dessa forma?  Sinônimo de humano é bondoso. Praticamos a bondade de tirar vidas!
Jesse Lopes