2015-12-11

Refúgio


 Não podia mais aguentar, a dor estava me consumindo. Sorrir, era cada vez mais difícil; fingir ser feliz, já não funcionava.

 Mais uma vez me arrastavam para uma festa. Mais uma vez não me perguntavam se eu queria, só me levavam. Dessa vez, porém, era em um lugar sombrio. Um lugar que nunca foi assustador para mim. Na verdade, a casa temida sempre me atraiu, era um bom lugar para fugir de tudo e todos. E isso era necessariamente o que eu precisava nos últimos tempos.

 A festa estava como todas as outras, pessoas bebendo, dançando, comendo, bebendo de novo, caindo, rindo, bebendo... Parece que a festa se resumia a beber e pular loucamente. Nada disso me atraia, eu não bebia, não dançava e preferia nem comer. 

 Procurei sair, sem ser visto, de perto das pessoas que se julgavam meus amigos. Subi a primeira escada que encontrei, só queria estar livre daquele ambiente e daquelas pessoas. 

 Lá em cima, tudo estava quieto, somente alguns ruídos da festa podiam ser ouvidos. Continuei andando procurando algum lugar onde eu poderia ficar sozinho. Ouvi um ruído diferente, como se alguém estivesse se arrastando. 

 Aproximei-me do local de onde vinham os sons. Tinha uma porta e os barulhos vinham de trás dela, tentei abri-la e a percebi trancada. Inutilmente forcei meu corpo fraco, devido aos dias sem comer, contra a porta. Olhei ao redor procurando algo que pudesse ser usado para abrir a porta e acabar com aquela angustia, minha e do ser que estava do outro lado. 

 Observando a parede percebi um molho de chaves. Imediatamente comecei a testar as chaves na fechadura da porta. Tinham cerca de dez chaves no molho, e somente na sétima eu percebi a porta cedendo vagarosamente. 

 Quando a porta abriu, tudo ficou claro, e lá estava ela, a menina dos meus sonhos. Em quem eu pensava todos os dias, a menina que há muito tempo eu esperava ansiosamente. Ela havia vindo me buscar, finalmente, a querida morte! 

By Jesse Lopes

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