Fonte imagem:http://tudosobrecachorros.com.br/
A imagem vista através da janela do
ônibus escolar que marcou, um instante em que a vida estava em sua forma mais
simples, outro instante em que ela foi retirada de forma banal. Dois cachorros,
ainda filhotes, esperavam, seus também pequenos donos, na beira do asfalto. O
ônibus escolar parou e as crianças desceram, eu observava os cachorros da janela,
eles estavam felizes e vinham em direção aos donos atravessando o asfalto.
Lembro de pensar em como um dos cachorros era mais bonito que o outro, e foi
nesse momento que uma freada foi ouvida e aquele cachorro ainda filhote foi
atropelado. Fiquei incrédula com aquela cena, com o fato de ter acabado de
pensar em como aquele filhote era bonito e ele morrer ali na minha frente. O
ônibus já estava seguindo seu percurso, quando ao olhar para trás, vi o menino
juntando o seu companheiro morto no asfalto.
Essa imagem do pequeno filhote
desfalecendo na frente do seu dono marcou e eu pude perceber como a vida é
frágil. Algumas reflexões vêm à mente, como a de não deixar nada pendente pois
não sabemos o que pode vir a acontecer no instante seguinte. Também os
sentimentos, a dor que a morte trás, não para quem morre, mas para quem fica
vivo. Isso é tão relativo pois ainda não se tem provas de que quem morre não
sente dor por estar morto, não sabemos e acredito que não iremos saber. Se tem
a crença de descobrir as respostas quando se morre, de saber o que está
acontecendo, porém ao mesmo tempo não nos lembramos de nada antes de nascer.
Ninguém lembra como era quando espermatozoide ou até mesmo enquanto estava em
formação no útero, não somos capazes nem mesmo de lembrarmos como erámos quando
bebês.
A morte é um enigma, o que ela traz
ou ela não traz nada? Sentimos a morte ou simplesmente não sentimos? Quando essas
respostas irão chegar, ou, se elas irão chegar, não sabemos. O que sabemos é
que a vida daquele pequeno cachorro juntado pelo seu dono, já desfalecido, não
voltará. A vida frágil de um pequeno filhote foi tirada em um instante. O
atropelamento deste filhote foi apenas mais um, a capacidade do ser humano de
tirar vidas é inacreditavelmente grande. Parece que o ser humano foi feito para
dizimar, para matar a sua e as outras espécies. O ser humano foi capaz de
extinguir com muitas espécies! Será que isso faz parte da nossa natureza? Será
que somos tão maus? A vida em sua forma mais pura merece ser tirada dessa
forma? Sinônimo de humano é bondoso.
Praticamos a bondade de tirar vidas!
Jesse
Lopes
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