2016-06-09

Frágeis

Fonte imagem:http://tudosobrecachorros.com.br/



            A imagem vista através da janela do ônibus escolar que marcou, um instante em que a vida estava em sua forma mais simples, outro instante em que ela foi retirada de forma banal. Dois cachorros, ainda filhotes, esperavam, seus também pequenos donos, na beira do asfalto. O ônibus escolar parou e as crianças desceram, eu observava os cachorros da janela, eles estavam felizes e vinham em direção aos donos atravessando o asfalto. Lembro de pensar em como um dos cachorros era mais bonito que o outro, e foi nesse momento que uma freada foi ouvida e aquele cachorro ainda filhote foi atropelado. Fiquei incrédula com aquela cena, com o fato de ter acabado de pensar em como aquele filhote era bonito e ele morrer ali na minha frente. O ônibus já estava seguindo seu percurso, quando ao olhar para trás, vi o menino juntando o seu companheiro morto no asfalto.
            Essa imagem do pequeno filhote desfalecendo na frente do seu dono marcou e eu pude perceber como a vida é frágil. Algumas reflexões vêm à mente, como a de não deixar nada pendente pois não sabemos o que pode vir a acontecer no instante seguinte. Também os sentimentos, a dor que a morte trás, não para quem morre, mas para quem fica vivo. Isso é tão relativo pois ainda não se tem provas de que quem morre não sente dor por estar morto, não sabemos e acredito que não iremos saber. Se tem a crença de descobrir as respostas quando se morre, de saber o que está acontecendo, porém ao mesmo tempo não nos lembramos de nada antes de nascer. Ninguém lembra como era quando espermatozoide ou até mesmo enquanto estava em formação no útero, não somos capazes nem mesmo de lembrarmos como erámos quando bebês.
            A morte é um enigma, o que ela traz ou ela não traz nada? Sentimos a morte ou simplesmente não sentimos? Quando essas respostas irão chegar, ou, se elas irão chegar, não sabemos. O que sabemos é que a vida daquele pequeno cachorro juntado pelo seu dono, já desfalecido, não voltará. A vida frágil de um pequeno filhote foi tirada em um instante. O atropelamento deste filhote foi apenas mais um, a capacidade do ser humano de tirar vidas é inacreditavelmente grande. Parece que o ser humano foi feito para dizimar, para matar a sua e as outras espécies. O ser humano foi capaz de extinguir com muitas espécies! Será que isso faz parte da nossa natureza? Será que somos tão maus? A vida em sua forma mais pura merece ser tirada dessa forma?  Sinônimo de humano é bondoso. Praticamos a bondade de tirar vidas!
Jesse Lopes

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